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No free cigarettes!

Por Ana Kessler


Semana um. Marinheira de primeira viagem porto-aportando em uma Deli qualquer de Nova York. O cidadão detrás do balcão era, pra não variar, indiano.


"Excuse me, sir, do you have the cigarette Free?"

"No free cigarette, no free cigarette."


"Não, meu senhor, o sr. não está entendendo. O cigarro não é de graça. Free é a marca, o senhor tem?


"No free cigarette, no free cigarette!"


Dei uma esticada de olho na prateleira e não achei minha marca preferida. Tentei de novo.


"Free é a marca. Uma caixinha assim, branca, azul e vermelha. O senhor sabe se existe aqui em NY?"


"No free cigarette!! Get out! No free cigarette!!!"


Ficou irado comigo. Pensei que indianos não perdessem o controle. "No free cigarette, no free cigarette!!!" Gritava, fora de si. E foi me enxotando porta afora.


Fazer o quê? "Me dá qualquer um aí, então.."


Foi assim que comecei a fumar Malboro.


*Texto de 1997. Da série: Crônicas de NY

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