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Viajar é preciso

Por Ana Kessler


Se há uma coisa que eu gosto de fazer na vida é viajar. Para perto, para longe, por muito ou pouco tempo, para lugares que já conheço e, principalmente, para onde nunca pisei. Tal como livros, viagens são alimentos para a alma. Esticam os horizontes externos e internos. E quanto mais cedo se começa a por o pé na estrada, maior torna-se o prisma através do qual enxergamos o mundo. Eis uma herança que quero deixar para a minha filha, esse gosto pelo novo.

Viajar só traz vantagens. Para os pequenos, então, é uma verdadeira escola. Ganha-se autoconfiança, perde-se a timidez. Você cura o tédio, renova a rotina. Aprende a resolver problemas e situações inesperados. Faz novos amigos. Compra presentes para si, o que dá uma bela calibrada no sentimento de “eu mereço”. Reaprende a ser curiosa, a ousar, a experimentar. Volta a ser criança!


Você nunca retorna de uma viagem igual, sempre incorpora algum hábito ou gíria, um tempero que provou, um sotaque inusitado, um novo amor, por que não? Quando se depara com outra cultura, você aceita melhor as diferenças. Fica mais complacente com as dificuldades alheias. Aprimora o senso crítico. Você enxerga a própria vida com outros olhos. Sem filtros.


Quando a Bia fez 5 anos, resolvi nos dar um presente: uma viagem mãe e filha, de férias. Fazia dez anos que eu não viajava para o exterior e achei que, com ela maiorzinha, estava na hora de resgatar meu lado andarilha e desbravadora de fronteiras. Seria a primeira vez, porém, que faria um “mochilão” com uma criança. Não dava para seguir um roteiro ao sabor do vento, como já fiz outrora, exigia um mínimo de planejamento e organização. Segui alguns princípios que deixo aqui como dicas.


Por exemplo, passar 20 dias comendo lanchinhos aqui e ali fica fora de cogitação. Criança precisa se alimentar e dormir direito, senão sua viagem já era. Ela até aguenta um ou outro dia sem muita rotina, mas que sejam espaçados e pouco frequentes. Opte por acordar cedinho e curtir o dia e evite levar o filhote em programas noturnos de adultos. Ele vai estar exausto e vai deixar você idem. Se não tiver com quem deixar, não vá.


Procure ficar em um hotel ou em uma região “amiga de criança”, com infraestrutura como piscina, cinema, pracinha nos arredores. E pense na logística de deslocamento. Metrô ou ponto de táxi perto são uma mão na roda quando se está sem carro. Tenha sempre um petisco na bolsa, um biscoito, uma fruta, um suquinho. Acredite, haverá momentos em que você não encontrará nenhuma cantina ou padaria aberta justo quando ele falar “mãe, estou com fome”. Vale o mesmo para um agasalho.


Incentive-o a experimentar novos sabores, sucos, molhos, até aquele picolé de fruta diferente está valendo. Faça um bom plano de “seguro saúde”, sempre. Não confie na sorte, ainda mais com criança. Um papelzinho com o seu telefone e informações pessoais, bem como um cartão do hotel no bolsinho dela são bem-vindos, principalmente em viagens ao exterior e passeios em meio a multidões.


E uma dica valiosa: converse sobre a viagem antes de embarcar. Explique que tipo de experiência ela vai compartilhar com você, decrete as regras e combinações, ouça as expectativas, estipule o orçamento diário que poderão gastar. Quanto mais informação, maior a segurança emocional para ela e a tranquilidade para você.


Um pré-requisito que imponho quando viajo com a Bia é “tem que ser bom para nós duas”. Ou seja, deve ser um roteiro que inclua programas para criança, mas também para a mamãe aqui. Parque de diversões sim, mas com cafeterias no circuito. Pracinhas, ok, mas à tarde algum museu bacana. Biblioteca pública? Seção infantil e adulta. Loja de brinquedos pra ela? Artefatos para a casa pra mim. E que tal um musical que as duas possam aproveitar?


Em 2010, naquela viagem que comentei acima, descobrimos na Dinamarca, com seus castelos e a Legoland, e na França, com a EuroDisney e Paris, nossos destinos perfeitos. Foi “a” viagem de nossas vidas. Mas qual não é? Nessas férias, nosso rumo é o Nordeste. Mas, desta vez, com a minha mãe incluída no pacote. Uma de 7, outra de 70 anos. E eu de mãos dadas com as duas...


Nos próximos posts vou compartilhar com vocês nossas aventuras, os lugares por onde passamos em Pernambuco, no Ceará e no Rio Grande do Norte. Os costumes locais, as comidas típicas. Que tal vocês dividirem as experiências das férias com a gente também?


*Texto publicado originalmente no blog De Mãe Pra Mãe, projeto Unilever/MSN (2012). Ao longo de dois anos, as jornalistas Ana Kessler, Adriana Teixeira e Mariana Della Barba escreveram semanalmente sobre maternidade real, sem filtros e com muito amor.


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